Tornou-se uma nova vaga de forwards e chain mails, enviar mails / hi5 / msgs a toda a gente que conhecemos, que não conhecemos, contactos dos amigos, desde que seja na maior quantidade possível. Titulos como o “Vou-me suicidar”, “Estou apaixonado”, “Tenho um cancro terminal!”, “Matei os meus filhos”, tornam-se alarmantemente vulgares e comuns nas nossas mailboxes. Dura a velocidade de um click, todo este empolgamento. uma vez aberto o mail, rapidamente se desfaz a ilusão na brincadeira que se pregou.
Precisamos desesperadamente de direcção, como espécie. Deixamos cair no mundano e total inutilidade, todo o esforço que levámos anos a fio a acumular em prol do desenvolvimento tecnológico, que sub-utilizamos para a mais pequena busca de significância ou prazer momentâneo. O meu Blackberry, o meu GPS, o meu computador com um Outlook XZ30.020 que organiza, sistematiza e planifica cada minuto do meu dia para que eu não tenha que o fazer (e para ter tempo suficiente para enviar estas msgs). Criamos rotinas e tarefas diárias no novo Microsoft Windows 400 para “poupar tempo”, temos casas inteligentes que nos permitem viver mais e melhor com as nossas famílias. Criámos sistemas automatizados, demos vida a rôbos q funcionam a luz solar, temos o carro mais rápido e económico... etc. No entanto, de qualidade de vida continuamos todos á procura…
Há esta busca que se tornou desesperada, na esperança / ânsia de algo nos injecte alguma emoção, de conseguirmos despertar deste apático e letárgico dia a dia que levamos. De que haja uma resposta do lado de “lá”, de conseguir um bocadinho de atenção - nem que seja a preço de queimar a confiança das pessoas que nos rodeiam. De passar por estúpido ignorante, o qual inevitavelmtente nos tornamos um pouco mais, cada vez que prolongamos a vida a este tipo de mails, ao passá-lo ao que vem “atrás na fila”.
Esta nova mania é um capítulo já conhecido, uma repetição constante da história do Pedro e do Lobo, que inevitavelmente acabará algum dia por não surtir qualquer efeito no momento em que verdadeiramente nos fizer falta a ajuda de alguém. Alguém distante, familiar, próximo - ou simplesmente humano – alguém que nos acuda no momento de aflição. Alguém que nos ajude a afugentar o lobo. E nesse dia, gritaremos em pranto, choraremos o ninguém chegar em auxílio, amaldiçoaremos o vizinho por não responder ao SOS..
Nesse dia, ele estará completamente des-sensibilizado, inerte, passivo. Pensará que é apenas mais uma brincadeira, outro grito bem entoado mas falso, lançado para passar o tempo e despertar algum tipo de emoção, porque esta vida que levamos já não nos dá muita. Valha-nos o Big Brother, e todas as outras formas de 5 minutos de fama, já deixámos de conseguir obter prazer pelo preenchimento da nossa própria vida. Recorremos ás carreiras instantâneas de todos os heróis de barro que construímos na maior pressa, para que nos dêem eles o que nós somos incapazes ou a que não nos atrevemos. Recorremos á sublimação do eu com maior facilidade do que nunca, sem nos apercebermos que apenas se alarga o vazio que nos enche o interior.
Pois então, digo que se tome um pouco de autoria e originalidade, que se personalizem os titulos e se juntem alguns dos nossos próprios. Em vez de falsidades, atrevamo-nos a mandar verdades! Mandemo-las a toda a gente!
Experimentem com: “Socorro, estou vazio por dentro!”, ou “Ajuda-me, não sei viver”, “Não consigo dar significado á minha existência”, “SOS! Não conheço os meus filhos”, “Estou a coçá-los enquanto espero pela hora de saída”, “Atrofiei-me ao ponto de não ter imaginação”. “Um mamífero marino é mais completo do q eu”, “Neste Natal quero uma lobotomia”.
A ti, que te chega este mail agora, tenta compreender que nada isto é pessoal, nada disto é contra ti, não é que eu esteja chateado contigo. É apenas uma chamada de atenção, um abrir de olhos para o que todos nós estamos a fazer todos os dias em que cá estamos. Toma-o como despertar e consulta a tua “base de dados” interior, confere a tua lista de prioridades. Pensa bem nisto, tens uma inteligência superior a qualquer outra espécie neste planeta. É mesmo assim que a queres aproveitar, é assim que passarás os teus dias, a passar estes mails? Se te fizer sentido o que te digo, sentirás a razão pela qual te escrevi isto. Farás o que achares, tomarás ou não uma ou algumas decisões sobre como e o que queres fazer c a tua vida.
Se não fizer sentido, bom... então boa sorte.
Sunday, February 22, 2009
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment